frustração

Só quero que o meu filho seja feliz. Evito qualquer frustração. Isto é correto?

No fundo, eu acho que já sabe a resposta.

As frustrações fazem parte da vida e não há forma de as evitar. Neste sentido, não será melhor que a criança, desde cedo as aprenda a gerir com quem mais as ama?

Na verdade, todos nós nos deparamos com frustrações ao longo da vida. Se não ajudarmos as nossas crianças a gerirem pequenas frustrações, mais tarde, quando se depararem com situações inevitáveis, será muito mais difícil para elas.

A criança tem de conseguir gerir um “não”, “agora não”, “não podes”, “não vais” ou “tens de”.

Cabe a nós, educadores e pais, ajudá-los a gerir as contrariedades que surgem ao longo do dia. A criança não pode decidir o que come, se dorme ou a que horas vai dormir. Isto faria com que o seu filho estivesse a gerir a sua própria vida, o que seria uma incongruência. Ele tem direito a ter pai e mãe e não a obrigação de, com 2 ou até mesmo com 5 anos, gerir a sua própria vida. Afinal ainda não tem maturidade para tal.

Qualquer criança tem direito a ter um pai que a ajude durante o seu dia com estrutura, rotina, segurança e assertividade. A criança tem de perceber que o adulto sabe o que é melhor para ela. E mesmo que por vezes duvidemos, sabemos mesmo!

Mas a criança não pode decidir nada?

Claro que pode. Todas as crianças necessitam de se sentir capazes e que têm autonomia. Para isso também necessitam de decidir.

Seguem exemplos:

  • Pode levar as sapatilhas azuis ou pretas (mas não deverá ir de sandálias se estiver a chover);
  • Pode escolher se quer pera ou laranja de sobremesa (mas não deverá não comer fruta);
  • Pode escolher um jogo para jogar (dentro dos que são adequados para a sua idade e previamente selecionados pelos pais/educadores);
  • (...)

Mas existem momentos em que ele terá de gerir a frustração?

Sim.

  • Na hora de ir para a cama: “Está na hora de ir para a cama!” (Cá em casa, por exemplo, aos 3 anos era às 21h00 à semana e às 21h30 à sexta e ao sábado e não havia negociações. Claro que reclamava, mas sabia que independentemente disso iria para a cama naquele momento!);
  • Na hora da alimentação: “Deves comer o que está no prato” (se ele come pouco, coloque pouco);
  • Na hora de vestir, de calçar, de sair, de pedir algo na rua;
  • (…)

O ajudá-lo a lidar com situações vai também dar-lhe mecanismos de autorregulação emocional fundamentais para a sua vida.

A curto prazo vai conseguir gerir quando:

  • um amigo na escola lhe tirar o brinquedo que ele tinha;
  • lhe disserem que ainda não é hora do recreio;
  • a educadora disser que só pode andar no triciclo depois do amigo que já estava à espera;
  • (…)

Ele será capaz de esperar, de aguardar sem choros, sem irritação e com calma pois ele sabe que se vai resolver.

Fiquem descansados, se estão a gerar frustrações nos vossos filhos. Estão a prepará-los para uma vida real!

Acreditem que eles irão agradecer por terem aprendido o significado da frustração com as pessoas que mais os amam e serão inclusivamente muito mais felizes!