morte

Como falar da morte às crianças

Esta questão preocupa todos os adultos, principalmente quando se veem perante a perda de um ente próximo e querido.

A morte faz parte do ciclo da vida e é importante que as crianças cresçam com esta noção para que quando se deparam com uma perda a consigam perceber melhor.

Por vezes, existe a perda de um animal de estimação e os adultos tendem a tentar esconder.

Não se deve:

  • dizer que o animal adormeceu para sempre (relacionar a morte com o sono, pode despoletar medos infundados e assustadores na hora de dormir);
  • comprar outro e substituir sem a criança saber que aquele morreu (é importante a criança viver a sensação de perda e o luto);
  • dizer para não ficar triste (a tristeza faz parte da vida e com ela saram-se situações que conduzem novamente a momentos felizes).

Muitas vezes, a perda de um animal de estimação é a primeira perda de uma criança e é importante que ela faça esse luto. Para isso, ela precisa que os adultos lhe digam a verdade.

Mediante a perda de um ente querido é importante:

  • ser objetivo na explicação (não utilizar palavras com dois sentidos. Deveremos dizer que morreu para que a criança perceba objetivamente o que aconteceu);
  • esclarecer com honestidade a criança (respostas curtas que respondam à questão);
  • responder apenas às questões colocadas (não dar resposta a outras questões. Se a criança quiser saber, vai perguntar).

As crianças são objetivas, práticas e até científicas. Quando perguntam o que aconteceu à pessoa, é importante que lhes expliquem que foi enterrado ou cremado. Elas querem saber o que aconteceu ao corpo que estava ali e não está mais.

Claro que associada a esta explicação objetiva, cada adulto pode passar as crenças da sua família e explicar, por exemplo, que a alma está no céu ou que se tornou uma estrela.

Mas o que a criança precisa mesmo perceber é como é que o animal, ou a pessoa que estava ali, não está mais. Na infância é fundamental a explicação concreta em detrimento da explicação abstrata.

Deve-se explicar que pode ficar triste e que faz parte do processo. Os adultos podem demonstrar também vulnerabilidade. Se precisarem chorar com a criança podem fazê-lo.

A criança deve sentir que pode falar sobre tudo, que pode chorar e que pode viver o momento.

A criança pode assistir ao funeral?

Sim, se essa for a sua vontade. O que para os adultos é um momento muito emotivo, para a criança pode ser também uma forma de perceber melhor o ciclo da vida (do qual a morte faz parte) e ver realmente o que acontece neste término.

Fiquem atentos às reações, aos comportamentos, às mudanças. Não se esqueçam da importância de criar momentos para falar e para exprimir sentimentos independentemente do tempo que passou. Se sentirem que é necessário poderão sempre procurar uma ajuda especializada de psicologia.

Durante todo o processo é muito importante que os adultos estejam sempre disponíveis, auditivos e empáticos com a criança e que não escondam nada.

Juntos será menos difícil de ultrapassar.