A amamentação pode prejudicar a maturidade emocional e o desenvolvimento da linguagem do meu filho?
Esta questão surgiu-me recentemente colocada por uma mãe profissional de saúde que amamenta o filho de 3 anos. E claro que a resposta a esta questão é não. A imaturidade emocional e a linguagem não são prejudicadas pela amamentação.
Pois bem. Todos nós sabemos os benefícios da amamentação tanto para o bebé como para a mãe. A comunidade médica cada vez mais divulga os benefícios do leite materno e ainda bem que o faz para que as mães possam ter o conhecimento necessário para tomarem as suas decisões.
As orientações da Organização Mundial de Saúde recomendam o aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses e após a introdução de outros alimentos até, pelo menos, aos 2 anos. São inegáveis as vantagens da amamentação.
Eu, sempre quis amamentar até ao 1.º ano de vida do meu filho. Amamentei até aos 11 meses. Sensação de dever cumprido. Sentia que este seria o momento em que ele e eu precisávamos de voltar a ter a nossa individualidade. Correto, errado? Não sei, era a minha opção e o pai também concordava.
Apesar de todos os benefícios da amamentação, existem, como em tudo na vida, dois pratos da balança. Ninguém melhor do que os pais para conhecerem, analisarem e identificarem as necessidades do filho e da mãe.
Quando esta mãe me questiona, acredito que tivesse dúvidas, até porque tem consciência que o filho já tem 3 anos e a amamentação não é imprescindível.
No caso em concreto, existe efetivamente imaturidade emocional, muita dificuldade de estar sozinho ou com outros familiares quando a mãe está por perto, noites que ainda têm interrupções para poder “mamar”; dificuldade em se autorregular sem o peito da mãe,...
Quando uma mãe vivencia estas experiências inevitavelmente reflete acerca delas. Percebe que o filho ainda não mastiga bem alimentos sólidos, nem pronuncia os primeiros sons corretamente, ou seja, está atenta ao filho.
E sim, é importante ver os prós e as implicações da amamentação.
Não existe uma idade ideal, não existe um momento perfeito. Existe a mãe e o bebé, as necessidades de um e de outro, o desenvolvimento da criança e as dinâmicas familiares em torno da amamentação e cabe aos pais analisar estes fatores.
Após uma conversa franca com os pais, demonstrando efetivamente que, nesta criança em concreto, a amamentação , nesta fase (3 anos de idade) não estaria a ajudar nas preocupações e nas dinâmicas familiares, os pais resolveram ponderar.
Na reunião seguinte já tinham terminado a amamentação há cerca de 2 meses e tinham visto evoluções e em jeito de desabafo ainda disseram: “Pois é, Sílvia, há uma pressão muito grande para amamentar e ninguém fala nas implicações! Agora está sempre mais bem disposto, come melhor e dorme a noite toda. Estamos todos mais tranquilos!"
Obviamente que há crianças que são amamentadas aos 3 anos e não interfere na dinâmica familiar, nem nas rotinas e é uma experiência positiva.
O importante é que os pais saibam olhar e ver para tomar uma decisão consciente tendo em conta as necessidades, as dinâmicas e o desenvolvimento do seu filho.
E, sim, é verdade, a amamentação também tem implicações, não tem só benefícios!