O meu filho faz muitas birras. O que posso fazer?
As birras são um dos tópicos mais abordados nos atendimentos com os pais.
Por muito que nos custe, as birras fazem parte do desenvolvimento e com maior ou menor intensidade elas vão ocorrer ao longo do crescimento das crianças tendo uma fase mais crítica entre os 2 e os 4 anos.
As birras surgem normalmente porque a criança não consegue lidar com a frustração ou verbalizar o que sente devido à sua imaturidade.
Vêm associadas a uma fase de interações e descobertas incríveis, contudo as áreas de autorregulação ainda não se desenvolveram o suficiente para conseguir controlar tantas emoções.
O grande problema das birras é que por vezes têm uma explicação, ou seja a criança está cansada, com sono, com fome,… Mas noutras alturas parece que surgem por tudo ou por nada. (Ex. “Eu hoje não quero sopa.” Como não queremos comprar uma guerra dizemos que não temos sopa e a criança grita e diz: “Mas eu queria sopa.” Ou seja, birra porque sim e porque não 😊)
É verdade estas birras acontecem e não há como evitar.
Então cá vai. A meu ver, o primeiro passo é tentar antecipar as birras.
O que podemos fazer antecipadamente?
- antecipar e prevenir ( Ex. se o seu filho com fome faz birra, leve sempre consigo um snack. Se cansado faz birra, respeite os momentos de sesta).
- explicar à criança com antecedência (Ex. -"Daqui a 5 minutos vamos jantar, começa a terminar o teu desenho"; -"Quando chegarmos a casa vais tomar banho e depois podes ir brincar"). Esta antecipação permite à criança estruturar-se e perceber o que vai acontecer conseguindo gerir de uma forma mais positiva os momentos que se seguem.
- validar os sentimentos da criança (Ex. "Eu sei que estás triste porque querias brincar, mas agora é hora de ir dormir.").
Ainda assim, há momentos em que a birra aparece.
O que fazer durante a birra?
- manter a calma (nem sempre é fácil mas é preciso ter em mente que o nosso estado de espírito influencia a criança. Se não conseguirmos manter a calma devemos dizer-lhe que se acalme um pouco que nós iremos fazer o mesmo e depois conversamos).
- verbalizar o que a criança não consegue dizer (Ex. "Eu sei que estás zangado porque querias comer bolachas, mas agora vamos comer a sopa".)
- dar algum espaço à criança para que chore e grite (no momento em que ela está a gritar, ela não quer ouvir nem quer mimo. Espere um pouco e dê-lhe espaço.)
- dar uma escolha à criança (Ex. “Vais comer um bocadinho de alface ou de tomate?” ou então “Tens de arrumar o brinquedo, se não arrumares, a mãe arruma mas depois não tem tempo para brincar contigo").
Atenção! Acarinhar, verbalizar o que ela sente e dar-lhe atenção não significa ceder ao que ela quer. Significa mostrar empatia pelo que ela está a sentir. Cabe aos adultos definir os limites, obviamente com muito amor!
Não ceda a birras! Se a criança percebe que consegue algo com as birras será muito difícil que elas desapareçam! Passará a perceber que elas são um caminho para atingir um fim e o objetivo não é esse.
Pelo contrário, se a criança perceber que apenas quando conversa calmamente consegue o que quer, o seu comportamento será crescentemente mais adequado… Mas não se iluda… As birras fazem parte do crescimento de todas as crianças e vão acontecer 😊