Igualdade ou Equidade?

Esta é uma questão que, desde sempre, me inquietou. 

A igualdade em criança

Cresci a ouvir constantemente que era importante a igualdade para todos.

Lembro-me que na escola os professores diziam que éramos todos iguais, que os pais diziam que todos os seus filhos eram criados de igual forma, tinham acesso às mesmas escolas,… E apesar de eu ainda ser pequena (cerca de 9 anos) isto não me fazia sentido nenhum. Lembro-me de pensar em mim e na minha melhor amiga.

Éramos completamente diferentes: eu adorava (tal como hoje) beijos e abraços, contacto próximo, e ela gostava de estar sossegada; eu falava imenso, ela somente o que lhe apetecia,... mas rir… ai rir… ríamos as duas até cair pr’o lado.

Lembro-me de pensar: "se somos tão diferentes porquê que nos hão-de tratar igual?" Eu achava estranho, só não sabia o que é que para mim seria o correto.

A equidade como educadora

Hoje, educadora, sei o que queria encontrar: não era a igualdade, era a equidade, porque somos seres individuais e precisamos de oportunidades adequadas às nossas necessidades.

Esta noção de que era isto que eu acreditava, surgiu, quando no início da minha carreira reuni com a mãe de uma criança de necessidades educativas especiais e ela me disse: “ Eu só quero que a Sílvia dê a mesma atenção ao meu filho que dá aos outros”. Aquela frase bateu em mim de uma forma tão abrupta que no alto da minha falta de experiência, consegui responder: “Isso é impossível, o seu filho precisa de mim muito mais. Na minha sala não defendo a igualdade, acredito na equidade e nas diferentes necessidades de cada um”. Lembro-me que aquela senhora com cerca de mais 10 anos do que eu ficou sem dizer nada e a olhar para mim.

Naquele momento consegui verbalizar o que é importante para mim e para as crianças.

Quando fiz o mestrado de especialização na área da educação especial (e, atenção, que para mim todas as crianças são especiais,… afinal todos eles são “o” filho, neto, sobrinho, irmão,...) ainda percebi melhor o que eu defendo.

Assim tem sido o meu percurso!

Quero com esta reflexão dizer que as necessidades de cada um de nós são diferentes.

Cá em casa, por exemplo, eu tenho um ritmo acelerado, contudo, para respeitar o ritmo do meu filho, tenho que o levantar mais cedo cerca de 30 minutos para que ele possa iniciar o dia no ritmo dele que não é, de todo, o meu.

Aqui ficam algumas partilhas:

  • É muito bom dar abraços e beijos aos meninos que gostam;
  • É muito bom permitir-lhes ter espaço se eles o apreciam (passar-lhes a mão pelas costas já mostra que estamos por perto);
  • É muito bom inscrever um filho em atividades, mas será que todos os filhos gostam?
  • É muito bom trabalhar em grande grupo com as crianças, mas será que todas aprendem dessa maneira? Qual será a melhor estratégia para cada um?

Eu acredito que cada um tem diferentes gostos, diferentes necessidades, diferentes formas de se expressar, diferentes formas de aprender, diferentes formas de comunicar e de ser feliz!

Como disse Einstein: “Todos somos génios, mas se julgarmos um peixe pela sua capacidade de subir às árvores, ele vai sempre parecer estúpido”!

Nós, professores, temos que garantir a equidade, temos que garantir que todos os peixes poderão ser avaliados na sua capacidade de nadar 😉