As crianças no tempo de pandemia: o que podemos fazer?
Esta questão, neste momento, assola todos os pais.
Quando estávamos confinados escrevi o artigo Covid-19: O que fazer com os mais pequenos durante a quarentena?, que foca a importância da rotina, tem algumas linhas orientadoras e pode ajudar caso alguém se encontre com os filhos em isolamento profilático.
O que acontece neste momento, é que por mais que tentemos uma normalidade, no máximo conseguimos almejar uma nova normalidade.
Não existe nada de “normal” em não beijar e abraçar os avós, em subir e descer nos elevadores sem os partilhar com vizinhos, em não nos aproximarmos de pessoas, em manter distanciamento e ainda transmitir às crianças que estes são comportamentos adequados.
A verdade é que todos temos consciência da importância de algumas medidas:
- manter distanciamento social;
- respeitar a etiqueta respiratória;
- lavar frequentemente as mãos;
- utilizar máscara.
E as crianças? Estarão a sentir estas mudanças?
Gostaria de dizer que não. Mas as crianças são sensíveis a todas as circunstâncias. Devemos tentar minimizar os impactos que possam ter, embora muitas delas estejam a estabelecer as primeiras interações, a aprender a falar e a crescer a achar que o “normal” é evitar pessoas.
No local onde trabalho adotamos todas as medidas pedidas pela DGS e ainda algumas adicionais que nos parecem diferenciadoras, contudo, podemos abraçar as crianças, dar-lhes colo e deixá-los brincar com os amigos da sua sala. Estes contactos enchem-nos o coração diariamente e devolvem algumas interações e normalidade aos dias dos mais pequenos.
E em casa, o que podemos fazer?
As dinâmicas familiares são muito próprias e é importante conhecermos a nossa família para ver o que melhor se adequa. Existem, porém, pequenos aspetos que independentemente da família só podem ser uma mais valia:
- separar tempo de trabalho e de lazer para que não se misturem quando os pais se encontram em teletrabalho;
- criar um momento do dia (no jantar, por exemplo) em que todos contamos o que correu pior e melhor no nosso dia;
- estar disponível para partilhar vivências e ouvir com muita atenção os mais pequenos;
- tirar momentos para fazer jogos, brincadeiras, cócegas,…
- gerir os tempos dedicados a televisão, computador, tablet,…
- fazer exercícios, ginástica, sessões de meditação,…
Em suma, tempo de qualidade em família. Tempo que ajude as crianças a terem espaço para colocarem todas as suas dúvidas às pessoas que mais os amam. Tempo que as ajude a desenvolver competências de interação, de partilha, de concentração, foco e diálogo.
Quem melhor do que os pais e os irmãos para ajudar os mais pequenos?
Não está a ser fácil, mas é a nossa realidade neste momento e devemos acreditar que com todas as prevenções possíveis e com muito amor, tudo se irá resolver… e um dia ficaremos bem!