a falta de tempo das crianças

(A falta de) Tempo das crianças

O tempo das crianças é provavelmente o melhor do mundo.

Quando perguntamos às crianças o que estão a fazer conseguimos perceber que despendem o seu tempo em atividades essenciais à felicidade humana. É frequente ouvir:

"Estou a desenhar."

"Estou a fazer um jogo."

"Estou a ouvir os passarinhos."

"Estou a ver as formigas!"

Quando lhes pedimos que sejam mais rápidas ou que venham depressa ouvimos respostas maravilhosas:

"Calma... só mais um bocadinho!"

"Já vou, estou só a acabar."

Cá em casa, por exemplo, quando estou com pressa, é frequente ouvir respostas como: "Calma mãe, aproveita-me, abraça-me e ouve os passarinhos lá fora!"

E o tempo deles passa no relógio bem mais devagar do que o nosso. 

Porém, nos dias de hoje confundimos o tempo das crianças com o tempo dos adultos. Os adultos pedem horários mais reduzidos nos trabalhos e alargamentos dos horários escolares.

Pedem-se mais atividades orientadas, ocupações de tempos livres e trabalhos de casa.

A maioria das crianças encontra-se com um horário tão ou mais rigoroso do que o dos pais.

Entre obrigações e atividades "extracurriculares", as crianças cumprem horários de cerca de 9 a 10 horas diárias. Depois preocupamo-nos, procuramos ajuda profissional porque não conseguem estar sossegados, concentrados e tem falta de foco. Tem dificuldade em esperar pela sua vez ou até escutar o outro. É comum ver as crianças falarem em simultâneo sem conseguirem ouvir ninguém. Problemas dos dias de hoje, em que o tempo é muito bem organizado e gerido, e no fim o que falta?

Falta tempo! Falta tempo de ser criança: de olhar as formigas, de sentir o sol, de estar só envolvido num abraço ou dar um passeio à beira mar. Falta tempo para não fazer nada...

Cabe-nos a nós, pais e profissionais de educação, garantir o direito de brincar, de ser criança.

A esperança média de vida (felizmente aumenta a cada ano) mas ainda assim só somos crianças uma vez na vida!